Avante afinal, é
hora de erguer a cabeça.
Já há muito o que lamentar, mas meus olhos sempre
alcançam um motivo maior.
E o coração obedece e segue rumo a uma armadilha.
Quando eu tento escapar, já é tarde.
Eu que estive esse tempo todo esfacelando
estigmas, tentando reverter essa visão precária...
ora, não custava tentar.
Pois digo: a dor caleja. Se torna parte de você.
Até que um dia ela vai embora e você sente falta da aflição que ela causava,
mas que um dia virou conforto.
Sim, conforto. Um encosto pra ser usado. Uma
desculpa pra ser armada. Um escudo.
Então você procura, inconscientemente, que ela
retorne. Busca reviver as causas. Busca machucar aquela cicatriz fechada.
É quando você percebe que é refém.
Foi quando eu percebi que era refém.
Da culpa; do arrependimento; do passado.
Nada me atrai hoje, mais do que aquilo que um dia
eu vivi.
Nada é mais triste do que entender isso um dia.
É como o Inverno se sobrepondo ao Outono. É
como a escuridão roubando a vida. Um último suspiro dos sonhos. Deixam de
ser sonhos, tornam-se pesadelos. Transformam-se nos arquitetos da destruição,
construindo desilusões. Antes de serem sugados pelo Nada.
Resta o cinza, mas de cabeça erguida.
Apesar de tudo, refazendo perspectivas.
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